quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A WEB 2.0 e as Bibliotecas- Reflexão

O surgimento da Web 2.0 permitiu novas possibilidades de usar, pesquisar, interagir e aceder a informação através da publicação e criação de conteúdos organizados e disponíveis numa multiplicidade de ferramentas tecnológicas. Acabou por centralizar o papel dos utilizadores, tornando-os um elemento ativo e responsável na construção desse conhecimento. Neste sentido estar “online é imprescindível para existir, para aprender, para dar e receber” (Carvalho, 2008: 12), uma vez que dominar a internet, os seus recursos e ferramentas além de proporcionar acesso à informação, possibilita a sua publicação e partilha de conhecimento. Podemos assim compreensivelmente aceitar a ideia de Carvalho (2008) que concebe como iletrado o indivíduo que não é capaz de integrar “os recursos e ferramentas da WEB que proporcionam não só o acesso à informação mas também a facilidade de publicação e de compartilhar online” (2008: 12). É pois com naturalidade que nós professores fomos encarando o potencial vasto dessas novas tecnologias como veículos de literacia da informação, sendo suscetível de recuperá-las para a escola.
No entanto, as potencialidades que o modelo de Biblioteca 2.0 encerra podem não passar disso mesmo, se não forem consideradas algumas barreiras à aplicação efetiva desse modelo, por exemplo, a falta de equipamentos informáticos e tecnológicos atualizados e, muito particularmente, a dificuldade que nós enquanto professores sentimos em integrar estas ferramentas no processo de ensino aprendizagem, sendo o uso das TIC limitado a experiências pontuais e isoladas.
Essa nossa fragilidade traduz também um desfasamento geracional e uma mudança social com origem numa revolução tecnológica sem precedentes que se precipitou a partir do final dos anos noventa do século passado. É a diferença entre uma geração (dos alunos) que nasceu e frequentou a escolaridade neste processo de avanço tecnológico e que desenvolveu nesse âmbito características e competências tecnológicas diferentes de outra geração (dos professores) e que hoje em dia se encontram na escola. O facto de nos ancorarmos a uma conceção mais tradicional, a esquemas de aprendizagem mais previsíveis e mais controlados, em que vamos àquela hora e naquela sala de aula desenvolver o programa estipulado é de certo modo mais confortável do que reconhecer a dificuldade em acompanhar a evolução das tendências tecnológicas..
Destas e outras transformações tecnológicas surgem então as oportunidades e benefícios para o processo de aprendizagem. Se esse diálogo entre uma sociedade cada vez mais tecnológica e a educação não se estabelecer, corremos o risco e a desvantagem de os nossos alunos fazerem essa viragem e imersão tecnológica sem corresponder ao desenvolvimento de um conjunto de saberes que a escola tem interesse em promover. Sabemos que o ensino à distância implica uma outra gestão pedagógica, mais flexível e dinâmica e uma grande dose de maturidade e responsabilidade nos nossos alunos. Daí que resulte melhor em termos de aprendizagem para adultos, no conceito de aprendizagem ao longo da vida ou numa perspetiva de ensino superior. Pelo menos na educação básica será difícil conceber o ensino sem contacto presencial entre professor e alunos.
Neste ambiente desafiante a escola terá assim que corresponder às exigências e competências dos alunos no domínio tecnológico, sob o risco de nos afastarmos deles e de não os prepararmos para a designada sociedade da informação. “A escola deve alterar a sua conceção tradicional e deve começar por estabelecer pontes com outros universos de informação e abrir-se a outras situações de aprendizagem” (Cruz, 2008: 15). É neste contexto que se deve redefinir o papel das Bibliotecas Escolares como plataforma de gestão de conhecimento, de articulação curricular, como centros de apoio aos alunos e aos professores, ajudando-os nesse processo de aprendizagem e no acesso e filtragem de informação disponível a uma escala sem precedentes. As bibliotecas assumirão uma função orientadora na organização e acesso a uma imensidão de informação disponível através da internet, para além da sala de aula (Furtado, 2009). Neste sentido, o bibliotecário, com um perfil criativo, versátil e original, é o construtor de informação. Assume-se aberto a essas mudanças, com capacidade para renovar esses conhecimentos, deixando de ser apenas um profissional que trabalha com a coleção de livros para ser uma Biblioteca mais interativa e plenamente acessível (Maness, 2006).



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